segunda-feira, 29 de novembro de 2010

História desconhecida

E aí povo? Como vão?
Ontem eu estava ouvindo música, e abri o word e comecei a escrever o que vinha na cabeça em forma de história. Sabe, de livro.
E ficou tão diferente, tão sei lá. E deu vontade de postar aqui, pra vocês darem uma olhada. Lembrando que é inacabado. Comentem!

Eu sinto sua falta pai. – sussurrei. – Você era mais do que um pai pra mim, você sabe disso.
O vento gelado fez as folhas secas no chão se agitarem. Uma lágrima caiu pela minha face enquanto eu lembrava de como papai costumava me chamar de anjo. Minhas mãos começaram a tremer fazendo as rosas que eu segurava se amassarem.
 – Porque você não pode voltar?
Na minha mente havia uma neblina densa, cobrindo todo e qualquer pensamento, misturado á uma estranha canção de violinos.
– Por quê? – sussurrei ao vento de novo. – Porque você me deixou? Nos sonhos você veio, e chamou por mim... Porque não podia ser tudo diferente?
Passei os dedos vagarosamente pela foto dele, e pela inscrição na lápide: Gustav Burk. Melhor pessoa do mundo. Amado pai.
– Por quê? – eu já não podia mais impedir as lágrimas. – Esse lugar não é pra você pai. Aqui é tão frio e doloroso... Você era tão bom e gentil... Será que daqui a um milhão de anos eu vou ter conseguido superar a sua falta? – perguntei-me, mesmo sabendo que a resposta era não. Deitei a minha cabeça na tampa do túmulo sujo, como se pudesse ouvi-lo falar algo de lá de baixo.
– Eu amo você. – falei, me levantando e limpando o vestido. Fitei as rosas amassadas em cima do túmulo, e depois olhei para frente. O caminho de volta me parecia algo doloroso demais. Mais doloroso do que ficar ali velando o túmulo do meu pai.
As árvores que me cercavam estavam soltando suas folhas secas e ficando vazias. Tão vazias como o meu coração.
Puxei o capuz do casaco sobre a minha cabeça, fazendo o sinal da cruz ao passar pela capela do cemitério.
Senti-me perdidamente cansada. O único lugar que me interessava ficar era lá, ao lado do meu pai. Ao lado do túmulo dele, já que eu não era digna de ter a felicidade de estar morta. Porque eu estaria com ele se eu morresse. Meu pai havia me dito que quando nós morremos, se nós fomos boas pessoas em vida, Deus nos levava para o céu, onde nós iríamos encontrar todos os nossos entes queridos. Então eu prometi ao meu pai que eu seria boa em vida, para estar com ele um dia.
Mas aquilo havia sido á muito tempo atrás. Antes de as coisas perderem o sentido para mim.
Depois dos portões do cemitério, o carro preto me esperava. Entrei suspirando, sem falar nada e sentindo as lágrimas começarem a secar.
Percebi que ao lado do meu banco havia uma pequena caixa vinho e um bilhete escrito á mão num papel rosa.
Eu lhe espero no jardim ao sul da biblioteca. Desfrute dos lencinhos.
                 Com amor, Derik
Dei um sorriso melancólico para o bilhete. Era tão fofo da parte de Derik, querer me deixar feliz em ao menos algum momento. Não abri o embrulho. Eu não precisava de lencinhos de papel.
Derik e eu éramos amigos, apesar de ele já ter me beijado na boca umas duas vezes. Ele achava que eu gostava dele da mesma forma, pobre e tolo. Eu mesma havia me encarregado de falar que eu o amava, mas que esse amor não passava de amor de irmão. Ele entendeu – ou pelo menos foi o que ele disse – e deixou de lado essa coisa toda de amor.
Porque o amor é estúpido de qualquer forma. E eu não o queria perto de mim. Derik era uma ótima pessoa. Maravilhosa mesmo. E mesmo que eu não fosse capaz de mandá-lo embora da minha vida, eu não deveria querer que ele ficasse perto de mim. Afinal, tudo que eu tocava apodrecia. Todas as pessoas que cruzavam o meu caminho saiam dele com mágoas e dor. Se saísse vivo. Não era apenas meu dedo que era podre. Era eu inteira. Tudo em mim era podre e mofado. Morto, por assim dizer.
Minha vida havia acabado no instante em que eu vi meu pai morrer na frente dos meus olhos. Ele era a única pessoa que eu tinha no mundo. Minha mãe havia morrido na sala de parto. Eu só estava naquele internato porque antes de morrer meu pai havia guardado uma contia de dinheiro que fosse o suficiente pra mim pela vida inteira. Uma pequena fortuna, se eu fosse retirar tudo do banco naquele momento. Ele sabia que estava doente e que iria morrer. Então ele foi até o internato Maddame Fleir e arranjou tudo para que quando ele se fosse, eu pudesse ir para lá. A própria Madame Fleir se encarregou de mim. Há dez anos eu morava naquele internato, num quarto pequeno, mas só meu. O que era ruim e bom ao mesmo tempo. Era ruim porque ficar sozinha naquele quarto piorava a minha solidão. Mas era bom, porque assim eu não prejudicava ninguém. Não que mais alguém concordasse que eu era a menina podre daquele lugar.  Madame Fleir tinha meio que me adotado, sem que ninguém soubesse. Todas as outras pessoas naquele internato tinham a sua cama em dormitórios cheios de garotas e garotos, mas eu morava em meu próprio quarto curiosamente ao lado de um quarto que Madame Fleir guardava para si. Às vezes ela dormia lá, mas em muitas das noites ela dormia em sua própria casa, lugar cujo eu nunca havia visto. Ela era imensamente bondosa comigo, quase como se eu fosse a neta que ela nunca teve. Isso tudo porque ela fora a melhor amiga de minha mãe no colégio, e foi ela também que agiu de cupido entre minha mãe e meu pai quando eles eram jovens. Algo que eu gostava – de uma forma estranha – era um detalhe no olhar dela, que se assemelhava sempre ao meu. Ela podia estar cantando sobre como a manhã é linda para alunos de quatro anos, mas seu olhar ainda era triste e dolorido, como se ela nunca houvesse superado uma dor do passado. Seu olhar dizia que a sua alma sofria, e eu nunca vira o olhar dela mudar em todos aqueles dez anos. Ele era sempre assim, como o meu.
– Quer que eu lhe acompanhe até lá em cima senhorita? – o motorista com cara de segurança falou pela primeira vez, quando estávamos em frente ao estacionamento do internato.
– Não, obrigada.
Saí do carro e andei até o prédio de dormitórios. O bom desses motoristas particulares da escola era que eles deixavam as pessoas bem na frente do prédio. Subi as escadas até o último – o sexto – andar, onde só havia dois quartos. O número 601 e o número 602, o meu quarto. Na verdade o número era 902, porque o seis estava virado de cabeça pra baixo. Peguei a chave no bolso do casaco e abri a porta, analisando a madeira verde escura dela.
O meu quarto cheirava a rum, não sei por quê. Não era um cheiro ruim, só esquisito. Cheirava a rum e quarto vazio. No quarto tinha uma cama de casal com lençóis brancos e mantas verdes, uma mesa de cabeceira marrom escura, uma mesa e uma cadeira ao lado de um guarda-roupa pequeno e uma estante. Na frente da cama tinha uma grande janela bay window com acento estofado, e cortinas verdes no mesmo tom das mantas e da porta presas dos dois lados da janela. E ao lado do armário havia uma porta verde que dava para o banheiro.
Vi que em cima da mesa e ao lado dos meus cadernos tinha outro bilhete rosa claro.

Um comentário:

Marta Maria disse...

leaahgals, mas e aí, mano? e aí, e aí, e aí?!! Vai demorar muito para o
------- ser vitima de kalhid?